As plantas alimentícias não convencionais, ou PANCs, são aquelas que por algum motivo não são encontradas em nossos mercados, mas que podem servir de alimentos e também podem ser ótimas para a sua saúde. Elas são folhas, flores, frutos, talos, raízes… enfim, qualquer parte de uma planta pode não só ser comestível como também ter um valor nutricional importante.

Vale lembrar que isso não significa que podemos sair por aí comendo qualquer planta em nosso caminho. Algumas plantas são super tóxicas e podem prejudicar a sua saúde, por isso informe-se sempre antes de consumir uma nova planta.

Aqui eu vou falar sobre algumas PANCs que são super comuns e que você pode consumir facilmente. E é claro que eu não podia deixar você sem uma receitinha também, né? Então tome nota e depois me conte se gostou de comer uma planta diferente.

Dente-de-Leão (Taraxacum officinale)

Conhecido por aquela bolinha branca que assopramos, espalhando suas sementes pelo ar, o Dente-de-Leão é considerado uma planta daninha e é facilmente encontrado em gramados. Ele é uma ótima fonte de vitamina A e minerais.

As suas folhas podem ser consumidas em saladas, empanadas ou cozidas, e seus botões fechados podem ser cozidos ou colocados em uma omelete. As flores também podem ser empanadas, mas elas devem estar bem fresquinhas, então pegue uma bolinha peluda e use as sementes para plantar em um vaso, assim você pode colher na hora do preparo.

Antes da bolinha branca, o Dente-de-Leão tem essas flores amarelinhas, que são comestíveis.

Flores de Dente-de-Leão empanadas

Lave as flores frescas. Em um prato bata ovos temperados com sal, orégano e pimenta-do-reino moída a gosto.

Passe as flores na farinha de trigo, depois nos ovos, e então na farinha de rosca, então frite-as em óleo quente. Escorra e sirva quente.

Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis)

O Hibisco é bem conhecido por causa do chá, mas é preciso esclarecer algumas confusões.

Enquanto o Hibisco mais conhecido visualmente é aquele que vemos na praia (seja em canteiros ou em camisas havaianas), o Hibisco que mais se usa para fazer o chá emagrecedor é a PANC chamada de Vinagreira (Hibiscus sabdariffa).

A Vinagreira é muito usada por conta de suas propriedades emagrecedoras, mas não devemos ignorar o outro Hibisco, que é super nutritivo. Ele é riquíssimo em ferro, sendo um ótimo substituto para o espinafre ou para a couve, e ainda tem ação coagulante e cicatrizante. Você pode consumir suas folhas cozidas, refogadas, assadas ou fritas, e suas flores podem ser consumidas na salada ou para colorir bebidas ou conservas, mas não esqueça de colher rápido, pois as flores não duram muito mais que um dia.

Além dessas duas espécies, uma outra com que elas se confundem é o Malvavisco (Malvaviscus arboreus), que é aquele Hibisco que parece nunca abrir. Ele também é comestível e você pode comer as flores na salada ou fazer uma geléia com elas, e também pode refogar suas folhas que também são ricas em ferro.

Corante de bebidas com Hibiscus rosa-sinensis de cor vermelha

Retire os cálices verdes da base das flores e lave-as suavemente. Use uma vasilha de boca larga para acondicioná-las e cubra-as com a bebida de sua escolha (pode ser cachaça branca, vinho branco ou vodca).

Em doze horas ela já deverá estar bem avermelhada. Coe a bebida e sirva como quiser.

Vinagreira refogada com carne

Refogue a carne moída como de costume, use cebola refogada no azeite e tempere com sal e pimenta a gosto.

Ao chegar no final do preparo, acrescente as folhas de vinagreira inteiras e misture. Então desligue o fogo e tampe a panela, deixando terminar de cozinhar apenas com o calor remanescente.

Geléia de flores de Malvavisco

Remova os cálices verdes da base das flores. Lave-as e depois rasgue-as em pedaços pequeninos ou corte bem fininho, mas não triture.

Coloque em uma panela com fogo alto e acrescente metade do peso das flores em açúcar.

Conforme vai cozinhando, mexa e amasse com uma colher até que alcance o ponto desejado. Se desejar, você pode acrescentar frutas vermelhas, que também vão combinar bem com ela.

Picão-branco (Galinsoga parviflora e Galinsoga quadriradiata)

O Picão-branco também é confundido com uma planta daninha e adora aparecer na beirada das estradas. Ele tem forte ação anti-inflamatória e é muito conhecido por trazer benefícios ao sistema hepático, além de ser muito rico em minerais.

Ele pode ser consumido cru ou cozido e na Colômbia é muito usado em uma sopa chamada Ajiaco, além de ser vendido como tempero, na forma desidratada. Assim, você também pode usá-lo para temperar seus pratos.

Linguiça refogada com Picão-branco

Escolha as folhas e brotos mais jovens, inclusive com as flores. Lave-os e pique fininho.

Pique a linguiça fresca em rodelas e use a sua própria gordura para fritá-la. Acrescente então o Picão-branco e misture bem, refogando rapidamente.

Tempere com sal e pimenta a gosto e sirva quente.

Trapoeraba (Tripogandra diuretica)

Mais uma que também é chamada de daninha, a Trapoeraba é uma planta com ramos meio roxos e flores que podem ser azuladas, roxas ou rosas. Ela é rica em fibras e proteína, além de ter função diurética.

Você pode consumir as flores cristalizadas e os ramos podem ser cozidos ou refogados. Os ramos mais durinhos podem ser batidos no liquidificador para usar como caldo em sopa.

Risoto de folhas de Trapoeraba

Refogue no azeite cebola, sal e outros temperos a gosto, acrescente 2 xícaras de arroz arbóreo.

Adicione 1/2 xícara de vinho branco e mexa até o vinho evaporar. Acrescente água fervente ou caldo e vá mexendo até que o arroz inche e amoleça.

Você pode fazer um caldo com salsão, cebola, cenoura e ervas, corte os vegetais em pedaços, jogue em uma panela com água e deixe ferver. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe reduzir. O sal no caldo é opcional.

Branqueie as folhas e você pode juntá-la ao risoto quase pronto de duas formas: em pedaços, se estiverem mais macias, ou batidas, assim o risoto fica verde.

Agora que você conhece novas comidas e novas receitas, mãos à obra! Depois vem me contar o que achou dessas PANCs! Boa colheita e bom apetite!

* Receitas tiradas do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil, de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi

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